A tripanossomose bovina, uma doença que está ocasionando a morte de rebanhos de gado leiteiro e pouco conhecida pelos produtores rurais da nossa região, foi tema da palestra do professor da Universidade Federal de Minas Gerais, Rodrigo Meneses, realizada em Recreio através da Prefeitura Municipal na noite de ontem (10). Cerca de 100 participantes, entre eles pecuaristas, médicos veterinários e outros, estiveram na apresentação.
O professor Rodrigo em pouco mais de 2 horas apresentou aos ouvintes no Centro Cultural Aristides Dorigo a origem da doença, os fatores clínicos, transmissão, diagnósticos e os tratamentos indicados ao gado, além de responder questionamentos da plateia e mostrar um pouco do trabalho que está desenvolvendo na UFMG perante a doença.
Antes de iniciar a palestra foram convidados a compor a mesa principal, o prefeito de Recreio, Zé Maria Barros; o vice-prefeito, João Dólar; o secretário municipal de Agricultura, Pesca e Pecuária, Luís Otávio Guilherme Silva; o presidente da Câmara de Vereadores, Paulo Henrique Ferreira da Silva “Paulinho”; a médica veterinária, Lara Lacerda; e o professor da clínica de ruminantes da Universidade Federal de Minas Gerais, Rodrigo Meses, mestrado e doutorado em ciência animal pela UFMG.
Segundo Rodrigo, “a doença é causada pelo protozoário Trypanosoma vivax, sendo diagnosticada pela primeira vez na África, se disseminando posteriormente para Ásia e Américas, por meio da importação de animais. Os primeiros registros no Brasil ocorreram nos anos de 1970 e a partir daí ela passou encontrada em vários Estados. Em Minas Gerais a doença apareceu por volta da segunda década de 2000. Quando o gado está acometido pela tripanossomose ele apresenta falta de apetite, febre, emagrecimento, anemia, hemorragias generalizadas, muitos morrem em menos de uma semana, outros sintomas como aborto, redução na produção de leite e cegueira, também podem ser observados. A doença pode ser transmitida por insetos hematófagos, como moscas dos estábulos ou pelo uso da mesma agulha para vários animais em períodos de vacinação, sem passar pelo processo de esterilização. O diagnóstico deve ser feito por meio de exames de sangue. Os tratamentos indicados são o dimenazene, os medicamentos com princípios ativos homidium e o cloreto de isometamidium, que está sendo a solução problema, existe também a quirapiramida, que é muito eficaz, porém este não é comercializado no país”, concluiu.
Antes de encerrar a palestra o professor respondeu a alguns questionamentos dos participantes e em sua maioria as perguntas eram pertinentes a precaução. De forma simples Rodrigo respondeu a todos que “é preciso mudar os hábitos do curral, adotando medidas mais higiênicas, inclusive, dando fim ao uso das mesmas agulhas para aplicação do medicamento ocitocina, um hormônio que é aplicado cerca de duas vezes ao dia para ampliar a produtividade do gado leiteiro”. De acordo com o professor, nas pesquisas da UFMG, “a maioria das incidências da doença no Estado são por causa do compartilhamento dessas agulhas.”
Ao final da palestra Rodrigo distribuiu tubos para que os produtores retirassem amostras do sangue de suas vacas com os sintomas da doença. O professor fará a análise. Na manhã desta quarta-feira (11), acompanhado da médica veterinária Lara Lacerda, o palestrante visitará duas propriedades rurais com a possível incidência da tripanossomose.