Nas últimas semanas a população recreiense resolveu correr até as unidades de saúde para tomar uma vacina de rotina do calendário nacional de vacinação, é a febre amarela, tudo por causa de um surto em cidades mineiras a mais de 400 km de Recreio. Enquanto isso o mosquito transmissor da doença que é o mesmo da dengue, zika e chikungunya, o Aedes aegypti, prolifera na cidade.
Segundo informações da Vigilância Municipal Epidemiológica, o levantamento de índice de infestação do Aedes na área urbana de Recreio foi de 2,3%. Essa porcentagem é mais que o dobro da aceitável pelo Ministério da Saúde que é de 1%. Entre os dias 3 e 24 de janeiro foram pesquisados 1.044 imóveis, com 53 focos encontrados e destes, 26 deram positivo para as larvas do mosquito.
Veja por bairro onde houve incidência de focos positivos do Aedes: Alto do Asilo (6), Centro (3), Grotinha (3), Planalto (3), Canto da Fábrica (3), José Taranto Luz – Cohab Dr. Irajá José Fernandes (2), Horto (2), Arraial do Sapé (1), Canto dos Ferreira (1), Sebastião Dadu Arruda (1) e Avenida (1). “Os agentes de epidemiologia estão trabalhando com tratamento focal nestas áreas. Na maioria dos casos a larva foi identificada em tonel de água, bebedouro de animais, piscina, lata, pneu e ralo de dentro de casa. A população poderia ajudar a eliminar estes focos, basta não deixar água parada e colocar água sanitária nos locais”, disse Alessandra Campos, chefe de turma da Epidemiologia. A Vigilância recebeu 9 notificações suspeitas de dengue em janeiro.
Enquanto o Aedes prolifera a população está indo até as unidades de saúde para tomar a vacina contra a febre amarela, que é uma imunização de rotina do calendário nacional de vacinação. Esta correria que já fez até esgotar as vacinas nas unidades é ocasionada por causa de um surto da doença em cidades que estão a mais de 400 km de Recreio, como por exemplo, Teófilo Otoni, Coronel Fabriciano, Governador Valadares, entre outras.
Segundo o boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde “SES/MG” até ontem (26) foram notificados 486 casos suspeitos de febre amarela, sendo que desses 19 já foram descartados e 84 confirmados. Em relação aos óbitos, há 97 suspeitos e 40 confirmados por causa da doença. As informações completas podem ser visualizadas no site http://www.saude.mg.gov.br/component/gmg/story/8999-informe-epidemiologico-da-febre-amarela-26-01.
Sobre esta correria que está no Município à procura da vacina o Site Pólis conversou com a secretária de Saúde, Gabriela Helena de Paula (foto). Segundo a gestora, “no dia 24 houve uma reunião com todas as cidades que compõem a Gerência Regional de Saúde de Leopoldina, com participação dela e da enfermeira da equipe Estratégia Saúde da Família, Vanessa de Abreu. Na ocasião foi passada uma nota técnica sobre a vacinação da febre amarela”.
Veja alguns tópicos importantes da nota:
– a vacina de rotina é aplicada em crianças de 9 meses de idade e depois um reforço aos 4 anos;
– viajantes que se deslocam para áreas de incidência devem tomar;
– só é realizada de casa em casa em regiões com surto;
– quem nunca foi vacinado ou não tem comprovante de vacinação deve tomar uma dose e o reforço após 10 anos;
– quem tiver tomado uma dose após 5 anos de idade o reforço deve ser imediato;
– quem recebeu duas doses considera-se imunizado;
– público que não é vacinado: pessoas com mais de 60 anos, gestantes e nutrizes ou lactantes, a não ser que sejam de áreas de risco. Em todos os casos deve haver acompanhamento médico;
– pessoas com imunodepressão deverão ser avaliadas e vacinadas conforme orientação do Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais;
A secretária de Saúde lembrou que “a população precisa procurar a unidade de saúde para atualizar o seu cartão de vacina para evitar que imunizações de rotina como essa da febre amarela só sejam lembradas quando ocorrem tragédias em outras regiões. A nossa cidade e a nossa região não é território de surto, então, o povo não precisa ficar desesperado. Os recreienses precisam é ajudar no combate ao mosquito transmissor, pois, se não tem mosquito não tem doença”, completou.
As ocorrências registradas em Minas Gerais estão acontecendo em áreas rurais ou de mata, por isso, a denominação de febre amarela silvestre ou rural. Neste caso a transmissão para o ser humano acontece através da picada de um mosquito infectado, o Haemagogus e o Sabethes. Ao contrair a doença a pessoa tornar-se fonte de infecção para o Aedes aegypti no meio urbano. Segundo a SES/MG, desde 1942, a febre amarela urbana não é registrada no Brasil. Saiba mais em http://www.saude.mg.gov.br/febreamarela.